A Summer League de Chicago

            Entre os dias 5 e 15 de julho, ocorreu em Las Vegas a NBA Summer League, torneio baseado no desenvolvimento de jogadores recém-escolhidos no Draft e de atletas que ainda não explodiram e participam como forma de mostrar seus talentos e provar que tem espaço na NBA.

         O Chicago Bulls jogou 5 vezes no torneio, vencendo 2 jogos, contra Los Angeles Lakers e Charlotte Hornets, e perdendo 3, para Cleveland Cavaliers, New Orleans Pelicans e Orlando Magic. O principal foco da Summer League não é vencer todos os jogos e ser campeão, até porque Chicago já foi campeão com Denzel Valentine e Bobby Portis como destaques, e sim ver como os jovens jogadores saem em um início de carreira e dar uma maior rodagem, já que muitos não terão a chance durante a temporada da NBA.

         Por isso, é preciso analisar o desempenho sem focar no resultado e ver como alguns jogadores saíram mostrando sua primeira impressão para a franquia:

Coby White

Estastísticas:

15 ppj / 5,6 rbj / 4,8 apj / 3,8 tov / 33,7% FG / 10% 3P

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Fonte: USA Today

         Nossa escolha de primeira rodada viveu um torneio de altos e baixos, principalmente no arremesso. White teve um aproveitamento baixo de quadra, devido ás 30 bolas de 3 arremessadas e convertendo apenas 3. Em relação ao seu arremesso, é uma questão que já vem presente desde o college em North Carolina. Seu release, ponto de partida do arremesso, é baixo, começando o movimento no quadril, o que pode gerar tocos para o adversário. Para evitar essa situação, Coby forçou alguns step-backs jumpers, arremessos dando um passo para trás, e, apesar de ter tido sucesso na meia-distância, teve um aproveitamento fraco na bola de 3, lembrando que em Chapel Hill, teve um aproveitamento de 35,3% de 3 com 6,6 arremessos de 3 por jogo, ou seja, mostrou um bom aproveitamento com um alto volume, seu toque deve voltar ao normal.

         Outros pontos quanto a White, funciona muito bem na transição, sendo muito agressivo nos contra-ataques e acostumado a jogar em um ritmo mais acelerado, porém quando o jogo era mais devagar e em meia-quadra, sofria mais, além de seu ball-handling também ser algo a ser trabalhado, já que o quique da bola dele é alto, facilitando os roubos de bola do rival. O armador mostrou dificuldades no college quando enfrentou armadores fortes e atléticos e isso foi evidenciado quando jogou contra Alexander-Walker, escolha 16 do mesmo draft, no primeiro tempo, não conseguindo superá-lo no drible e ficando preso ás vezes, entretanto, mostrou evolução e se adaptou muito bem ao adversário no segundo tempo. Além disso, mostrou muita qualidade no pick and roll, atacando a cesta e achando os companheiros livres. Apesar de não apresentar no nível universitário uma visão de quadra e passe acima da média, foi talvez seu principal atributo na Summer League, encontrando companheiros livres na linha de 3 e alguns passes difíceis que ele conseguiu encaixar, inclusive teria um número maior de assistências se os companheiros convertessem as cestas fáceis que White fornecia. Apesar disso, também teve um número alto de turnovers, com 3,8 por jogo, o que dá 1,26 assistências por turnover, número muito baixo para um armador, precisa tomar mais cuidado na tomada de decisão.

         A atuação de White na Summer League não foi espetacular, mas mostrou bons flashes que permitam que o torcedor do Bulls possa sonhar com White sendo o armador titular por anos e anos. O arremesso e seu “handle” devem ser trabalhados pela comissão técnica e, se for um arremessador mediano de 3 na temporada de calouro, já pode ser uma peça chave para o elenco.

Daniel Gafford

Estatísticas:

13,8 ppj / 7,8 rpj / 2,8 tocos/j / 68,3% FG

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Fonte: NBC Sports

         Talvez o MVP do Bulls na Summer League, Gafford mostrou seus atributos e contribui muito para a equipe no torneio. O principal ponto do pivô saindo do college era sua defesa e ela foi demonstrada pelo jovem jogador. Gafford teve uma média de quase 3 tocos por partida, além de totalizar 6 tocos em apenas um jogo. Além de um excelente trabalho na proteção de aro, também se saiu bem no perímetro, conseguindo se manter a frente de seu adversário e forçando marcação dupla em alguns momentos do jogo. Ainda precisa ser mais bem trabalhado para não receber passes nas costas e ter uma melhor “awareness”, ou atenção, na defesa, principalmente evitar a tentar tocos todo o momento e deixar o jogador de trás sempre livre.

         Ofensivamente foi uma peça fundamental também para o time. Gafford somou duas partidas com pelo menos 20 pontos, que foram nas duas vitórias da equipe na Summer League, além de mostrar uma eficiência enorme com 1,26 pontos por posse, sendo o mais eficiente entre os jogadores selecionados no Draft esse ano. Gafford não tem a bola de 3 como trunfo, não tentou nenhum arremesso na Summer League e no college, além de ter um aproveitamento baixo no lance livre, o que é um indicativo de não ser um bom arremessador, porém, Gafford é um pivô moderno que corre a quadra inteira ocupando o garrafão e espaçando a quadra para os arremessadores, estilo muito parecido com Clint Capela do Houston Rockets. O jovem também mostrou qualidade no Pick & Roll ajudando muito o armador com a bola, bloqueando e indo a cesta.

         Provavelmente Gafford terá poucos minutos no início da temporada por ser cru em alguns aspectos do jogo, além de precisar ganhar massa para não ser facilmente empurrado na briga pelo rebote, mas com o passar do tempo tem potencial para ser um sólido reserva de Wendell Carter Jr e poder até substituí-lo em caso de lesão.

Chandler Hutchison

Estatísticas:

13,5 ppj / 6,5 rbj / 2 apj / 29,4% FG / 20% 3P

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Fonte: NBA

         A maior decepção de Chicago nessa Summer League ficou para o ala que foi escolhido na 22ª escolha geral do Draft de 2018. Hutchison jogou 44 partidas ano passado e não se sobressaiu, porém como segundanista e jogando contra uma competição inferior esperava-se que ele poderia ser um destaque da equipe, entretanto sua atuação foi abaixo da crítica e com um péssimo aproveitamento de quadra. Fisicamente, Hutchison parece pronto, porém ainda não se mostra pronto para a NBA. Para um jogador de 23 anos e que passou quatro anos no college, era para já estar pronto.

         Um ponto para explicar sua fraca atuação é que o ala sofreu uma lesão séria e ficou fora do final da temporada do Bulls, além disso, Hutchison teve minutos limitados na Summer League e jogou 4 das 5 partidas de Chicago no torneio, o que pode ter afetado seu ritmo e seu arremesso. Tomara que seja isso, pois temos muito pouca profundidade na posição para o time e Chandler deve receber bons minutos.

 

 

Adam Mokoka

9,2 ppj / 4,4 rpj / 1,6 apj / 43,6% FG / 33,3% 3P

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Fonte: SB Nation

         Mokoka é um jogador francês que ficou elegível no Draft desse ano, mas acabou não sendo selecionado, com isso, Chicago acabou contratando como não-draftado pelo two-way contract, um contrato que permite a franquia de manter o jogador na G-League e fazendo parte do elenco da NBA por, no máximo, 45 dias. Mokoka é um jogador ainda muito cru ofensivamente, porém, tem bom perfil atlético e já se mostra eficiente na defesa. Na Summer League mostrou um pouco de inconsistência no ataque, principalmente com a bola na mão, ás vezes parecendo que a bola estava pegando fogo. O aproveitamento no arremesso até que foi positivo, mas ainda precisa refinar melhor sua mecânica para ser mais eficiente.

         Mokoka deve passar maior parte da temporada no Windy City Bulls, time associado da G-League, para aprimorar seu jogo ofensivo, mas deve receber oportunidades no time principal já que sua defesa já é nível de NBA e o Bulls não tem um elenco forte na posição.

Análise geral

         O que ficou evidente na equipe foi que os melhores lances do time ocorreram na transição, forçando turnovers na defesa e puxando contra-ataques com muita velocidade, mas no jogo de meia-quadra o time se mostrou travado. Com isso, quando o Bulls não conseguia encaixar bem a marcação forçando o arremesso errado, ou o erro do rival, sofria também ofensivamente, já que não era tão eficiente no jogo mais estático. Isso se deve ao fato dos jogadores do elenco ter essa característica de serem melhores na transição, como por exemplo, Coby White, que jogou em North Carolina que teve um dos paces mais altos de todo college basketball, Daniel Gafford, que tem a característica de ser um pivô que acompanha o contra-ataque e corre a quadra inteira, além de jogadores, como Mokoka, que ainda falta um arremesso mais desenvolvido e pode arranjar infiltrações fáceis. Cabe agora ao treinador Jim Boylen se adaptar a esses jogadores e jogar em um ritmo mais agressivo e acelerado, já que Chicago terminou temporada passada como 20º em pace, 22º se contar apenas o tempo de Boylan como técnico. Não foram atuações de brilhar os olhos, mas no geral, dá para ter esperança e confiar nesses jogadores que farão parte de um núcleo jovem.

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